FRANKFURT [ ABN NEWS ] — “O Brasil está muito feliz e alegre por estar aqui nesse último dia, vamos aprender muito com a Nova Zelândia”. Com estas palavras, o presidente da Fundação Biblioteca Nacional e do Comitê Frankfurt 2013, Galeno Amorim, recebeu o “bastão” da Nova Zelândia, país homenageado da Feira do Livro de Frankfurt 2012. A solenidade marcou a oficialização do Brasil como o convidado de honra da feira em 2013 e o encerramento da maior feira de livros do mundo, que começou no último dia 14.
“O que será feito aqui ano que vem, do ponto de vista da literatura, será reflexo da multiplicidade de vozes do Brasil”, ressaltou o escritor brasileiro Milton Hatoum, escolhido para representar o Brasil nesse momento solene. Ele leu um trecho de seu romance “Dois irmãos”, arrancando aplausos do pavilhão que estava lotado. Hatoum citou Oswald de Andrade para explicar a cultura brasileira e o conceito da participação do Brasil em 2013, “só a antropofagia nos une, devemos digerir o que há de melhor na cultura estrangeira para produzir uma cultura brasileira”.
A poeta Hinemoana Backer foi a representante eleita para representar a Nova Zelândia, que levou também um pouco de sua cultura em uma dança tradicional maori para encerrar sua participação como país homenageado da feira.
Autores que se inspiram na universalidade da palavra para se expressar foram escolhidos para compor um texto que simboliza a literatura brasileira:
Estamos todos nós/ cheios de vozes/ que o mais das vezes/ mal cabem em nossa voz Só a Antropofagia nos une A literatura quem faz são os outros Escrever sobre o escrever é o futuro do escrever Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta, continuarei a escrever Mire, veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas Ah, o todo se dignifica quando a vida é líquida Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta O tempo, o tempo, o tempo e suas águas inflamáveis, esse rio largo que não cansa de correr, lento e sinuoso, ele próprio conhecendo seus caminhos É mineral, por fim,/ qualquer livro Ele me fazia revelações em dias esparsos, aos pedaços, como retalhos de um tecido A vida não me chegava pelos jornais, nem pelos livros/ vinha da boca do povo na língua errada do povo/ língua certa do povo/ porque ele é que fala gostoso o português do Brasil Última flor do Lácio, inculta e bela É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio Viva nós que não somos de ninguém Ao vencedor, as batatas.
Na cerimônia, foram anunciados os 16 grandes nomes da literatura nacional que serão homenageados na Feira de Feira de Frankfurt 2013. São eles: Ferreira Gullar, poeta; Oswald de Andrade; Bernardo Carvalho; Haroldo de Campos, poeta; Clarice Lispector; Guimarães Rosa; Hilda Hilst, poeta; Mário de Andrade; Raduan Nassar; João Cabral de Melo Neto, poeta; Milton Hatoum; Manuel Bandeira, poeta; Olavo Bilac, poeta; Carlos Drummond de Andrade, poeta; João Ubaldo Ribeiro; e Machado de Assis.
O evento terminou com a apresentação dos músicos brasileiros Arthur Nestrovski e Celso Sim, dando a largada para um ano em que Frankfurt será “brasilizado”. A programação do Brasil na cidade começa em março e vai levar a diversidade da produção cultural para pelo menos 12 espaços e tem previstas exposições de Hélio Oiticica, grafite, exibição de vídeo, música, espetáculos e performances. Serão investidos cerca de US$10 milhões na participação do Brasil como convidado de honra, incluindo o Pavilhão Brasil, que terá 2.500 m² e cenografia de Daniela Thomas e Felipe Tessara, além da ida de uma caravana de aproximadamente 70 escritores.
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