Novo começo para ex-detentos

Parceria entre o GDF e a Funap proporcionam oportunidades de emprego e ressocialização para quem saiu da prisão
BRASÍLIA – Melhora na autoestima, na aceitação social e nas relações familiares e profissionais. Esses são alguns dos resultados da parceria entre o Governo do Distrito Federal e a Fundação de Amparo ao Preso (Funap), iniciada em março desde ano. A fundação faz o cadastro de ex-detentos que estão em regime domiciliar, enquanto o GDF estabelece o perfil de quem pode preencher uma vaga profissional. Apenas na Secretaria de Fazenda do DF (SEF/DF), 23 mulheres tiveram a oportunidade de reescrever suas histórias ao serem beneficiadas pela iniciativa. Destas, 13 continuam em atividade. O contrato também se estende a detentos do sexo masculino, com 18 homens trabalhando atualmente, e ocorre em outros órgãos, como a Secretaria de Saúde.
De acordo com o gerente de Infraestrutura da Secretaria de Fazenda, Wagner Fraga, o contrato tem duração até o término da pena ou com o perdão dela. “Hoje, nos contratos vigentes, contamos com mulheres e homens. Entre as mulheres, oito atuam no apoio administrativo, e cinco, como copeiras”, informou. Ele diz, ainda, que os profissionais podem ser desligados em caso de falta de produtividade, faltas ou comportamento inadequado. “É uma oportunidade de se reitegrarem à sociedade e se aperfeiçoarem profissionalmente”, ressaltou. Ao todo, mais de 50 ex-detentos, entre homens e mulheres, já passaram pela Funap este ano.
“Aqui me sinto útil e feliz, pois todos me tratam com carinho e respeito. Estar com as atenções voltadas ao trabalho faz com que ocupe meu tempo com coisas produtivas e não fique depressiva ou pensando nos problemas”, descreve a copeira Sheyla, de 41 anos. Ela conta que as maiores contribuições do programa foram a melhora no desenvolvimento pessoal e no convívio com as pessoas. “As relações amigáveis construídas no trabalho deram um brilho ao meu mundo”, afirma, sorrindo.
Vera, de 49 anos, está há um mês na SEF e compartilha da mesma opinião da colega de trabalho. “Enquanto permaneci na prisão, trabalhava com artesanato para tentar diminuir minha pena. Mesmo assim, me sentia como um animal enjaulado”, lembra. Ela explica que as agentes penitenciárias a tratavam mal e, com medo, não se aproximavam. “Desde que comecei a trabalhar aqui, sou tratada respeitosamente, sem preconceitos. Me sinto melhor, não mais como um bicho. Isso tem me ajudado a recomeçar”, comenta Vera.
Caso semelhante é o de Jordão, de 28 anos, que viu na secretaria uma oportunidade de mudança. Desde que começou a trabalhar, ele já pretendia transformar sua vida. A motivação lhe rendeu uma bolsa de estudos para cursar Análise de Sistemas. “Espero que, ao cumprir minha pena, encontre outras oportunidades de emprego e crescimento. Estou mostrando que mudei e que sou uma pessoa melhor”, garante Jordão.